Condeixa a Pedal (setembro 2024)

No passado dia 29 de setembro 2024, domingo, pelas 10h00 da manhã, fizemos um percurso em estrada de 5 km, com início e fim na Junta de Freguesia de Condeixa-a-Velha, pela vila de Condeixa-a-Nova com crianças, jovens e adultos. Fomos acompanhados pela GNR e pelos Bombeiros Voluntários de Condeixa.

Este evento inseriu-se na Kidical Mass (Massa Crítica de Crianças), um movimento global que procura responder e dar visibilidade à necessidade e vontade das famílias usarem modos ativos nas suas deslocações diárias (bicicleta, caminhar, patins, skate, etc.), exigindo a melhoria da infraestrutura ciclável e a pacificação das ruas, principalmente nas envolventes escolares. O mote da Kidical Mass é “Espaço para a próxima Geração”.

Esta foi a segunda edição em Condeixa-a-Nova. A primeira edição foi em abril deste ano.

A grande novidade desde a última edição é o facto da Câmara Municipal de Condeixa ter abraçado o projeto dos Comboios de Bicicletas.

Um comboio de bicicletas é um grupo de crianças que vão para a escola de bicicleta, acompanhadas por adultos monitores. Tal como um «comboio» normal, o comboio de bicicletas tem um percurso e horário definidos, e qualquer criança pode ir nele até à escola. Os comboios de bicicletas em Condeixa serão organizados pela Bicicultura, no âmbito do seu projeto CicloExpresso. Convidamo-vos a assistir ao vídeo da apresentação do projeto que fizeram no Museu PO.RO.S no passado dia 17, durante a Semana Europeia da Mobilidade.

Por isso, este passeio foi também uma oportunidade para refletir sobre as barreiras que a vila de Condeixa apresenta para as crianças nos percursos para as escolas, sendo que a principal será, sem dúvida, a sensação de insegurança oferecida pela infraestrutura rodoviária.

O Manifesto Cidades Vivas da MUBi (Associação para a Mobilidade Urbana em Bicicleta) propõe um pacote de medidas que os municípios podem e devem tomar no sentido de reduzir o perigo rodoviário e melhorar a segurança e o conforto dos utilizadores mais vulneráveis (crianças, idosos, pessoas com mobilidade reduzida, etc). Esse manifesto propõe a seguinte estratégia para reduzir o perigo rodoviário:

  1. Redução da quantidade de automóveis (p. ex., desviando ou desincentivando tráfego de atravessamento);
  2. Redução da velocidade dos automóveis (p. ex., estabelecendo 30 km/h como limite de velocidade dentro da vila, à semelhança do que já acontece em todas as localidades da nossa vizinha Espanha);
  3. Proteção das interseções (passadeiras, cruzamentos, rotundas, etc);
  4. Construção de canais dedicados à bicicleta e ao andar a pé (passeios mais largos, ciclovias, ruas pedonais ou ciclopedonais, etc).

No evento da Semana Europeia da Mobilidade, tivemos também uma apresentação do Mário Alves, fundador da MUBi, que nos mostrou algumas soluções práticas que os municípios podem aplicar.

Com esta estratégia em mente, convidamo-vos a ter um olhar crítico sobre o percurso que passou pelas duas escolas do 1.° ciclo da vila.

Alguns exemplos:

Entroncamento entre a Travessa do Hospício e a Rua Dr. Simão da Cunha

Importante ponto de acesso às piscinas municipais, à escola secundária e à EB n.° 3, sofre de falta de passeios, excesso de velocidade e fraca visibilidade causada pela localização dos contentores do lixo e, por vezes, agravada por estacionamento abusivo.
Sentido de trânsito na Rua Fernando Namora

Muitos sentidos únicos na vila foram pensados para regular o automóvel. Isso é positivo. Mas além disso, uma solução, muito utilizada noutros países, que melhora o conforto e a segurança dos ciclistas é estabelecer também contrafluxos (sentido único para automóveis, duplo sentido para bicicletas).

Nota importante: neste percurso percorremos parte da Rua Fernando Namora (o acesso à escola apenas) em sentido contrário, com a supervisão da GNR, no sentido de ilustrar a solução de contrafluxo e não como incentivo anti-pedagógico à transgressão das regras de trânsito vigentes.
Rotunda do Museu PO.RO.S

Esta rotunda está sobredimensionada com raios de viragem generosos que permitem velocidades excessivas. As passadeiras excessivamente afastadas da rotunda são desconfortáveis para os peões que muitas vezes optam por atravessar pela estrada.
Ligação entre a Rua Dr. Alfredo Pires de Miranda e a Rua Professor António Mateus (antiga Rua n.° 3 da Urb. Qta. de São Tomé)

Este é um exemplo, entre muitos, de uma estrada não asfaltada que, por ser pouco apelativa para o trânsito automóvel, torna-se um bom caminho ciclopedonal. No entanto, nem sempre o tratamento que é feito ao piso é pensado nessa função. Por exemplo, recentemente foi colocada gravilha grossa que é desconfortável para peões e ciclistas.

Podem partilhar connosco outras observações e sugestões para kidicalmass@condeixaparapessoas.pt para que possamos compilar uma lista de barreiras à ciclabilidade da vila que possamos fazer chegar à Câmara Municipal, com o objetivo de contribuir para tornarmos a vila de Condeixa mais inclusiva para com as crianças e não só.

Por fim, aqui ficam alguns registos deste dia:

Fotografias na página de Facebook da União de Freguesias de Condeixa

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